Tudo isso vai ficar no horizonte...


Além do Horizonte chegou ao final e o que se pode dizer dessa novela, é que ela não deixou sua marca no coração dos brasileiros. Mesmo assim, a trama de Carlos Gregório e Marcos Bernstein entra pro hall das grandes inovações da teledramaturgia nacional. Em tom de seriado norte americano, a novela começou com indícios de alusão a Lost. Um lugar isolado no meio da floresta amazônica e uma busca incontrolada - e sem sentido - pela felicidade. Tinha tudo pra dar certo, mas pecou por alguns pequenos detalhes: a temática densa não combina com o horário em que ela foi inserida; muitos rostos novos em comparação com o intenso número de veteranos da TV na predecessora Sangue Bom, causou certo estranhamento no público. Por falar nisso, o brasileiro ainda sofre do mal súbito da orfandade novelística. Sangue Bom agradou, mas não ousou. Trouxe muita história clichê como troca de exame de DNA, mãe que esconde identidade do pai, etc. Porém, eram elementos comuns do gênero novela, o que fez com ela deslanchasse; além da comédia escrachada que o horário pede - vide os maiores sucesso de horário e seus personagens que parecem saídos de um besteirol americano. Porém, nos quarenta e cinco do segundo tempo, a novela conseguiu, de certa forma engrenar, dar uma audiência mais considerável, mesmo assim encerra sua saga com o título de pior audiência das 19 horas. 
Ao longo da trama, os autores foram intimados a darem mais graça à trama, bem como mudar para agradar. Foi então que surgiu a dupla Iara e Curupira, a dupla de "artística" que trouxe a comédia praticamente inexistente no começo da novela. É inegável o carisma de Mariana Xavier e Luciana Paes como as irmãs Ana Rita e Ana Selma e como as atrizes conseguiram dar vida aqueles que foram os maiores destaques da novela das sete. Dentre as mudanças ainda teve o abandono aos suspenses da novela, revelando a todos qual era a da comunidade e quem eram os vilões de fato da trama. Pra agradar mais ainda o público, fizeram de Vinícius Tardio um mero coadjuvante na história e elegeram Rodrigo Simas e Mariana Rios como parte integrante de um quadrilátero amoroso. Conquistou, mesmo tendo de fugir de sua ideia original, mas sem perder sua essência. 
Mas Além do Horizonte não foi a única novela condenada ao fracasso, mesmo apresentando boas histórias ou até mesmo uma qualidade indiscutível. Nesse mesmo horário, tivemos Tempos Modernos, com um elenco estrelar, e com uma história que virou fenômeno no cinema (2001: Uma Odisseia no Espaço), mas na TV não deu muito certo. Outra novela que arriscou em algo novo e acabou sendo um tiro no pé da Rede Globo foi a inesquecível Bang Bang. Ela sofreu de um mal que nenhuma das outras passaram, perder pra Record. A atual trama das sete vai realmente mal das pernas, mas ainda assim segura o primeiro lugar tranquilamente; ao passo que Bang Bang não obteve o mesmo êxito, perdendo pra concorrente Prova de Amor, que foi indiscutivelmente um sucesso da emissora do bispo.
Mas o que o especialista Nilson Xavier afirmou e não deixa de ser verdade é que pela primeira vez, a Globo não esmoreceu diante dos números da audiência. Seguiu até o fim, sem diminuir a novela ou causar mudanças tão drásticas a ponto da novela se tornar outra. Ele disse:
Mas, talvez, nunca antes tenha ficado evidente o tanto que o Ibope cada vez mais tem menos a ver com qualidade ou com o que o público realmente vê ou quer ver.
E tenho de concordar, a Globo anda numa fase sem medo de ousadia. E que assim perdure, porque cada vez se comprova mais que qualidade e Ibope são coisas distintas e que andam em caminhos opostos! Além do Horizonte deixou sua marca em mim, mesmo que todos digam o contrário. Dentre grandes surpresas de história e elenco, eu creio que ela chegou ao fim cumprindo o papel que havia sido proposto.

Fonte das imagens: Divulgação Instagram