Feministas, graças a Deus


Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem... 

Hoje é aniversário de Simone de Beauvoir - que você deve ter percebido apenas graças ao Google, mas ok. Escritora de sucesso, foi uma das feministas mais relevantes da França na metade do século passado. Teve uma relação tempestuoso com Jean-Paul Satre, o filósofo e trouxe grandes feitos literários como o ensaio O Segundo Sexo, onde analisava e discutia questões sobre o feminismo na sociedade da época. Dada essa breve aula de literatura para os mais leigos, vamos voltar à dita "cultura de massa" e falarmos do que nos interessa neste blog, as novelas. Nem só de literatura e de um passado remoto viveram as feministas, elas estão presentes até hoje em nossas vidas, mas se misturam entre os tipos atuais de mulheres, bem resolvidas, conhecedoras de si mesmas. Relembremos algumas das mulheres independentes mais importantes das novelas. 

Noeli - Bandeira 2

Escrita por Dias Gomes e exibida às 22 horas, a novela tinha como um dos destaques a personagem Noeli, vivida por Marília Pêra. Como a trama se passava nos idos dos anos 70, uma mulher taxista já era algo incomum, quem dirá desquitada. Pois é, a personagem viviam enfrentando os empecilhos da vida e o preconceitos de outras mulheres e de homens machistas que a viam com estranheza. Mesmo assim, ela não perdia o "rebolado" e brilhava na vida, assim como na escola de samba de Ramos, da qual era porta-bandeira.

Fonte: UOL

Carla - Sem Lenço, Sem Documento

Na trama de Mário Prata, quem tinha vez era a personagem vivida por Bruna Lombardi. Modelo e escritora, a moça bradava seu espírito feminista pelos quatro cantos. Quando deu-se a chegada de sua empregada, Rosário (Ana Maria Braga #EuToRindoMtoDesseNome), vinda do nordeste, ela tenta transformar a moça numa mulher elegante e com ideias independentes.  

Fonte: O Guia da Cidade

Malu - Malu Mulher

A dona do primeiro orgasmo feminino na TV foi representada por Regina Duarte. O seriado é considerada uma obra prima na teledramaturgia, por mostrar a transição da sociedade da época, abrindo os olhos e os caminhos para o novo modelo de mulher. A socióloga Malu era divorciada e tinha uma filha adolescente para criar, com isso víamos a mulher estabelecendo o papel de dona de casa e de trabalhadora. Indo à luta e buscando seus próprios ideais. Abordando temas como aborto, uso de contraceptivos e o divórcio, o seriado teve vários episódios banidos pela censura e criticado pelos mais conservadores. Mesmo assim, foi um dos pontos altos da TV na época, vencendo inclusive prêmios internacionais. 

Fonte: Canal Viva

Stella Simpson - Água Viva

No ar atualmente, as atitudes de Stella, vivida por Tônia Carreiro, parece normais nos dias de hoje - se bem que sair com uma pantera cor-de-rosa num conversível pela rua não é nada normal. Mas em 1980, as coisas não eram bem assim. Dona de sua própria fortuna (herdada, mas tá valendo), ela não quer saber de relacionamentos sérios, muito menos de homens aos seus pés. Stella está longe de ser uma feminista convicta, mas agrega valor à lista por seu espírito desapegado de homens, sendo dona do próprio nariz. 

Fonte: O Globo


Catarina - O Cravo e a Rosa

Outra trama que está no ar atualmente, inspirada na obra de Shakespeare, Walcyr Carrasco resolveu mostrar o universo feminista através da protagonista Catarina, vivida por Adriana Esteves, e suas "amigas". Sempre fugindo do casamento e lutando pelos direitos das mulheres em plena década de 20. Talvez um dos modelos feministas mais relevantes da atualidade em teledramaturgia.

Fonte: Coisas de Novela

Yara - Senhora do Destino

A feminista fail vivida por Helena Ranaldi. Dona de uma vontade incontrolável de ser mãe, Yara via em Plínio (Dado Dolabella), um bom provedor. Com isso, ela achou o rapaz, transou com ele e sumiu, afinal acreditou que tudo estaria perfeito. Não fosse um fator, ela perdeu todo o dinheiro e o emprego e não tinha como criar o filho sozinho, como havia planejado. Acabou procurando Plínio para ajudá-la a criar da criança, a fim de procurar um novo emprego. 

Fonte: Orkut

Ornela - Belíssima

Vera Holtz sempre deu vida a personagens femininos bem resolvidos, mas talvez na trama de Sílvio de Abreu, tenha sido seu ápice. Socialite paulistana, a mulher não gostava de relacionamentos duradouros com rapazes e sempre optava por homens mais novos, pagos é claro. Dessa forma ela passa a se envolver com Matheus (Cauã Reymond), um dos garotos de programa a quem contrata, mesmo assim, não cria vínculo com o jovem nunca. 

Fonte: Abril


Alice - Viver a Vida

Maria Luisa Mendonça deu vida à amiga da protagonista Helena (Thaís Araújo), mas mais do que isso, ela era uma mulher independente, sem medo de ser feliz e de se relacionar com quem quer que fosse. Tanto que a moça termina a novela numa relação bissexual, entre ela e mais dois homens - a gente adora quando Maneco não tem medo de ser feliz.

Fonte: TV Foco

Griselda - Fina Estampa

Primeira protagonista de Lília Cabral foi responsável por um grande momento em sua carreira. Uma mulher abandonada pelo marido, ela teve de criar os três filhos com muita luta, sem contar com ajuda de um marido para isso. Eu a considero o maior exemplo de mulher independente da TV, porque não vivia de fortuna de pai ou ex marido, mas de seu próprio trabalho. A novela, na minha opinião, pode nem ter sido boa, mas a filosofia de vida de Griselda era inspiradora para uma personagem tão densa.

Fonte: ClickRBS

Elas não vivem por si só, precisam de amor e carinho, assim como todas mulheres. Mas elas buscam respeito, aceitação, buscam um lugar para elas no mercado de trabalho, nos lares, na vida. Que todas as mulheres sejam mais feministas e independentes, nesse sentido, pois o mundo já mudou muito graças a essas lutas. Aos poucos conquistaram seus direitos e hoje um mero divórcio não faz delas seres menores do que os outros. Que as mulheres continuem povoando nossa teledramaturgia com grandes personagens que não se contentam com o amor do mocinho, mas que vão atrás de seus ideais.