Os amores altruístas de "Amor à Vida".


Existe definição para o amor?! Creio eu, que não. Pois é, mesmo com os aprendizados que adquirimos ao longo da vida, muitas vezes nos questionamos a respeito do tão temido AMOR. Nunca sabemos se era intenso demais parar ser chamado disso ou se era apenas uma paixão efêmera. Filosofias à parte, vamos à novela, propriamente dita, que é nosso objeto de análise.

Ontem, ao assistir Amor à Vida, percebi no jeito de Edith (Bárbara Paz) que ela ainda ama Félix (Mateus Solano), como sempre o amou. Afinal, o primeiro a pisar na bola depois do relacionamento construído foi ele, né?! Se Edith teve um caso com César (Antônio Fagundes), foi bem antes de criar laços com Félix. Mesmo sendo irônica com Félix, alegando que ele estava blefando, dava pra sentir, no momento em que o rapaz chegou abatido que ela se importava mesmo com ele. E não é de hoje que essa reação fica clara no rosto da moça. Ela sofreu, chorou e aguentou uma traição que, poucas mulheres aguentariam. Em algumas cenas, de diálogos dela com a família Khoury, ela chega a assumir que conseguiu criar um carinho especial para com Félix, seria um 'tipo de amor'?! Por muito tempo também, Edith soube dos podres do marido e nada fez contra ele, inclusive depois da descoberta do relacionamento extraconjugal do rapaz. Se isso não é amor, me diga o que vem a ser?! 
Mais distante dali, Valdirene (Tatá Werneck) e Carlito (Anderson Di Rizzi) vivem, o que muitos chamaram, o amor mais "fofo" da novela. É real?! Sim, vemos nas atitudes dos personagens que é algo recíproco, como podemos perceber na cena em que ela chora por ter de se desvencilhar do "Palhaço". Este, em nenhum momento se importou com o fato de ser sempre o outro na vida de Valdirene. Viu ela se envolver com um motorista pilantra, tentando dar o golpe em milionários e agora, mesmo a beira do altar, ele ainda insiste que pode dar mais a ela do que o suposto futuro marido. Talvez o apelido "Palhaço" não tenha sido em vão, mas também, talvez diante de um amor verdadeiro, nós mesmos não façamos o mesmo papel de tolo. 
E porque não colocar em pauta o casal principal da trama, Bruno (Malvino Salvador) e Paloma (Paolla Oliveira). A disputa ali é acirrada, já que cada hora um se diminui diante do outro por conta do amor "estranho" que sentem. Mas Bruno acabou vencendo no que diz respeito à atitude de ser altruísta no relacionamento. Paloma lhe tirou a filha, sem dó, nem piedade; acusou o rapaz de ter roubado a menina, sem mesmo ter provas. Bruno lutou e teve de volta a guarda, e quando Paloma tentou manter contato com a menina, que até o momento estava provada não ser sua filha, ele acabou cedendo. Bom, se te tirarem uma filha, que você considera o alicerce de sua vida e depois a mesma pessoa vier lhe pedindo para fazer visitas à garota, você teria uma atitude tão superior quanto a de Bruno?! Acho difícil!


Mas antes de Bruno surgir na vida de Paloma, a moça que fez as vezes de altruísta. Ela abdicou de toda sua fortuna por uma aventura ao lado daquele, que ela considerava ser o homem de sua vida. E o que Ninho (Juliano Cazarré) fez?! Bebeu todas e largou a moça dando à luz no banheiro de um boteco.

Voltemos ao núcleo da Valdirene, mais diretamente em Márcia (Elisabeth Savalla). Diferentemente da primeira - que na verdade é a segunda - mulher de Atílio (Luís Melo), que não pensou duas vezes em tirar tudo do marido, quando descobriu a traição, Márcia até tentou extorquir alguma coisinha do amado, mas com certa dor no coração. Mas antes mesmo disso, vimos um amor acima do comum na ex-chacrete; ela foi abandonada no altar uma vez, foi abandonada no forró outra vez, e mesmo assim, sempre que Atílio voltava, ele tinha lugar cativo em seu coração e em sua cama. 
No núcleo "sexual" do hospital San Magno, temos a amadinha Patrícia (Maria Casadevall) e o endócrino Michel (Caio Castro). Não, ali não rola mesmo essa história de amor altruísta, de dar sem receber. Mas para complementar esse triângulo, entrou na trama Sílvia (Carol Castro), a ex mais atual das telenovelas. E gente, ela anda precisando de amor próprio, né?! A moça sabe que Michel só tem olhos para Patrícia, inclusive os boatos rondam todo o hospital, que é muito frequentado pela advogada, e mesmo assim, ela insiste numa relação com o "falecido". Daquele tipo, pode ser a outra, mas eu sempre serei a matriz! 
É, mas a lista é extensa, e pra não prolongar e bancar o chato que te obriga a perder uma tarde inteira lendo, finalizo com duas mulheres que são destaques no âmbito do amor altruísta da novela das nove: Glauce (Leona Cavalli) e Joana (Bel Kutner). A primeira foi capaz de ir contra a ética médica ao registrar um bebê no lugar do outro no hospital em que trabalha, tudo por amor ao pai da criança. A segunda, em questão de dias de relacionamento, foi capaz de dar uma fortuna para o "namoradinho" custear os estudos. E o resultado disso?! Bom, Glauce nunca conseguiu muita coisa com Bruno e Joana, além de ter dado a grana, ainda abandonou a melhor amiga para viver sua tórrida história de amor, mas será que vai valer a pena?! 
Vendo tanto amor assim, eu juro que me questiono: Patrick, você já amou na vida? Bom, se amar é ser altruísta ao extremo, a ponto de algumas vezes me "prejudicar" por isso, eu lhes digo que sou alheio ao Tom Jobim e creio sim que "possível ser feliz sozinho". (os apaixonados irão me repudiar, rs)