Saia do armário e venha para a luz.


Os gays estão em alta nos dias de hoje. E os motivos vão desde os homofóbicos desmedidos dando suas opiniões desnecessárias até a banalização do homossexualismo. O primeiro fator decorre do buchicho que gerou por conta da tal cura gay de Marco Feliciano; o segundo, pelo fato de as manifestações em prol da luta por mais respeito para com os gays, terem se tornado, muitas vezes, orgias a céu aberto. 

Mas o nosso assunto é novela, então vamos ao que interessa: os enrustidos da teledramaturgia. Sair do armário nunca foi a coisa mais simples do mundo, por vários fatores, mas viver trancado lá dentro também não deve ser legal. Nas atuais novelas, temos dois modelos de enrustidos. O primeiro é o mais famoso vilão do momento, Félix (Mateus Solano), de Amor à Vida. Com a língua afiada, ele tem a prática de lançar as mãos para todos os lados quando fala. Caricato e cheio de trejeitos, Mateus cativou o público com a maneira que ele criou o vilão. Félix foi expulso do armário pela própria esposa, Edith (Bárbara Paz), que lançou suas fotos íntimas com o Anjinho (Lucas Malvacini) na mesa de jantar. E em cenas posteriores, ele comentou com a mãe quão difícil era viver uma vida que não lhe agrada, apenas para deleite dos pais. E pensa como ele penou, tendo que "comparecer" com Edith, culminando numa vida sexual frustrada. 

O outro enrustido não está no armário, propriamente dito. Filipinho (Josafá Filho) está em fase de descoberta sexual. Ao longo de Sangue Bom, vimos um personagem tímido, desajeitado e cômico. Achei que ia parar por aí, mas pelo visto o personagem cativou os autores e ganhou uma história mais psicológica, saindo do atrapalhado clichê. Filipinho já tem questionado sua sexualidade há um tempo, e agora a coisa vai ficar mais séria, por causa do Peixinho (Júlio Oliveira). Sim, o diretor do programa Luxury está de olho no "famosinho da Casa Verde". Segundo comentários de Maria Adelaide Amaral e Vincent Vilari, ele ganhará um par romântico nos próximos capítulos, e as apostas todas são em cima do próprio Peixinho.

Diferentemente de Félix, Filipinho tem um pai mais 'liberal', que por vezes questionou a mãe do garoto, Rosemere (Malu Mader), se o desconforto que ela sentia quando diziam que Filipinho era gay, não era pelo fato de ela ser contra. Sendo isso, ou não, a mulher parece ter aceitado que o filho pode vir a assumir sua real sexualidade. 


Resumindo, os enrustidos estariam em alta?! Talvez, como uma forma de mostrar os 'tipos' de gays que existem e a maneira como eles lidam perante a sociedade preconceituosa. Engraçado nessa história é que percebemos uma certa cronologia na maneira como o homossexualismo é tratado nas novelas. Vimos uma tentativa frustrada de mostrar um cotidiano de um casal de lésbicas em Torre de Babel. Com tal fracasso, voltaram a tratar do tema como antes era considerado, a não aceitação de familiares, como vimos em Mulheres Apaixonadas, Senhora do Destino e América. Depois disso, voltaram com o intuito de mostrar um casal gay 'comum', e dessa vez deu certo, em Páginas da Vida e em Paraíso Tropical. Agora, parece que o 'tabu' da vez é mostrar os enrustidos da ficção. Bom, o que eu acho disso, é que Filipinho, Félix e quem mais estiver no armário, devem saltar pra fora e viver o que eles têm de viver. Porque o mais chato nessa vida é você ser obrigado a fazer coisas das quais você não gosta, ainda mais quando se trata de sentimentos e desejos, que têm a pretensão de serem coisas para satisfazer a pessoa e não frustrá-la.